Gundam GQuuuuuuX - Review do anime

REBOOT? OUTRA DECEPÇÃO?


Eu sempre fui um grande fã da franquia Gundam, houveram muitos animes que gostei, outros que não gostei e Stardust Memory, que vamos deixar minha opinião sobre tal para outro momento, mas confesso que ultimamente não estava sendo tão fácil ser fã, com as últimos produções no mínimo duvidosas que foram lançadas.


Bem, o filme de Seed Freedom não fez jus a toda espera, Requiem for Vengeance foi horrivelmente pavoroso e G Witch foi provavelmente a mais decepcionante e estúpida temporada já produzida, então quando foi anunciada essa nova série, com esse nome esquisito e após um episódio uma boa parte da gringa já estava falando que tinha o encerramento mais lésbico da história e que as expectativas era para mais uma série "super inclusiva" e apenas suspirei e esperei por outra bomba.


Entretanto, ao maratonar e terminar o anime fui surpreendido, pois não foi nem de perto a bomba que eu esperava, claro que está longe de ser uma série perfeita e tem sua parcela de erros, mas no final acredito que foi uma experiência positiva e que, claro, mais uma vez superestimei a opinião gringa, já que as protagonistas não sem nem de longe um casal e o encerramento não é simplesmente nada demais, incrível como tem gente insiste em forçar essa inclusão ou simplesmente assumir a sexualidade de personagens a todo custo.


Mas chega de me auto cancelar, partindo para a série ela segue um universo paralelo ao primeiro Gundam, o original de 1979, onde ao invés de Amuro é seu arquirrival Char Aznable quem encontra e pilota o RX-78-02, mais conhecido como Gundam e, muito por consequência disto, os rumos da chamada Guerra de Um Ano, acabam tomando um novo rumo, onde enquanto que no anime original a Federação Terrestre vence a guerra, neste universo é o Principado de Zeon quem alcança a vitória, alcançando sua plena independência, Char, entretanto, acaba desaparecendo em batalha, pouco antes da conclusão da guerra.


Seis anos se passam e conhecemos Amate Yuzuriha, ou Machu, uma jovem estudante que vive em uma das colônias de Side Six, entediada com sua rotina diária ela acaba, por um acaso do destino, cruzando caminhos com uma jovem chamada Nyaan, uma refugiada que faz entregas ilegais para garantir seu ganha pão, curiosa com a encomenda e ajudando Nyaan a escapar da polícia local, ambas acabam indo juntas até o destino da entrega, um grupo de sucateiros que participa de batalhas ilegais de Mobile Suits, conhecidas como batalha de clãs e que planejavam usar a encomenda, uma peça para ativação, para usar em uma  batalha.


Paralelo a isso uma nave de Zeon, comandada por Challia Bull, antigo parceiro de Char também está passando pela região, perseguindo o chamado Gundam Vermelho, o mesmo robô que Char usou durante a guerra, para tentar capturá-lo eles acabam enviando o Gundam GQuuuuuuX. Após uma série de acontecimentos envolvendo tanto a nave de Zeon e a polícia local da colônia, Machu acaba tentando se envolver na batalha, roubando o GQuuuuuuX e o usando para derrotar seus perseguidores.


Depois disso ela acaba se conhecendo e se encantando com o piloto do Gundam Vermelho, um jovem excêntrico chamado Shuji Ito, ambos acabam se voluntariando para participar das batalhas de clãs pelo time dos sucateiros, chamado Pomerians, para atingirem seu objetivo de juntarem dinheiro para ir a Terra.


Essa é a visão geral da série que segue durante sua primeira metade focando nas batalhas de clãs, enquanto que em sua segunda metade temos mais uma visão da disputa política entre os sobreviventes da família Zabi, Kycilia e Gihren, sobre quem deve comandar Zeon. 


De início confesso que a ideia da batalha de clãs me pareceu muito desinteressante, pois esse uso de Mobile Suits em pequenas disputas já me era uma ideia incrivelmente fraca e entediante em G Witch e para mim só funcionava em séries como Build Figthers, mas aqui acredito que foi mais bem executada, sendo mais um plano de fundo para apresentação e desenvolvimento dos personagens e dos MS.


Machu também caiu rapidamente no meu gosto, geralmente os protagonistas de Gundam demoram um pouco para engrenar na obra e se tornarem interessantes de fato, ela, entretanto, desde o primeiro episódio já me chamou bastante a atenção, tanto ela quanto Challia Bull e Kycilia são muito bem desenvolvidos.


Outro ponto que gostei foi o design de personagens e as cores utilizadas, novamente pegando como comparação G Witch, acho que foi uma melhora considerável, além disso, para os fãs do primeiro Gundam, temos a participação de vários personagens e menções a outros  que participaram da série, sempre é bom vê-los novamente.


Um último ponto positivo que devo destacar é a trilha sonora, por mais que eu, conforme já disse em outra review, não seja o tipo de pessoa que fica reparando em cada música ou tema tocado durante o anime e geralmente presto atenção mais a abertura e encerramento, tenho que reconhecer aqui o trabalho genial feito, não há uma única cena em que a música não pareça combinar com o que acontece em tela, todas as melodias são ótimas de se ouvir e, especialmente no episódio 02 que é uma grande homenagem ao anime de 1979, temos até o som do eyecatch original, o que para um saudosista como sou, foi puro deleite, além disso tanto os temas de abertura e encerramento são ótimos.


Mas claro, nem tudo são flores. Por mais que o anime tenha bons pontos positivos, ele também tem vários negativos a se destacar a começar pela duração, 12 episódios são muito pouco para contar uma história de Gundam da forma como o anime queria parecer, enquanto a parte das batalhas de clãs foi bem conduzida após isso o anime se apressa demais e ficam muitos pontos em aberto a serem resolvidos de última hora, principalmente ao envolverem questão extremamente complexas como multiversos, sendo que literalmente usam do recurso de um personagem ter que aparecer e explicar tudo para o espectador no último episódio


Essa pressa não fere só a trama, mas também o desenvolvimento de vários personagens, enquanto que eu destaco positivamente Machu, Chalia e Kycilia, não posso dizer o mesmo para praticamente todos os outros personagens. Nyaan é um das protagonistas, mas o anime começa e termina sem sabermos praticamente nada dela, sim ela é uma refugiada, mas de onde? O que aconteceu com os pais dela? Quando ela pilota parece até trocar de personalidade, ao ponto de que Shuji diz que gosta de ambas as Nyaans, mas depois o plot parece ser abandonado. Por que ela se apegou tanto a Kycilia tão rápido? Além disso ela exterminou sozinha A Baoa Qu inteira, quantas pessoas ela matou nisso? Antes também ao matar sem cerimônia o cientista e a filha? Não fosse o tempo de carregamento da arma ela poderia ter matado todas as pessoas do planeta Terra, algo que ela sabia e não se importava!!! Ela é quase uma criminosa de guerra e a série parece ignorar e ela não sofre consequência alguma por todas as mortes que passaram por ela! Se Machu é a primeira protagonista que termina sem matar nenhum personagem, Nyaan pode ser uma das com maior número de mortes na conta.


O mesmo vale para Shuji, o personagem é quem basicamente faz mover a trama e as motivações primeiro de Machu e depois de Nyaan, apesar do final do anime explicar quem ele é o seu objetivo, fica novamente muito estranho pela pressa, o próprio encontro dele com Char e o motivo dele pilotar o Gundam vermelho poderiam ter sido muito melhor trabalhados. Outros personagens, entretanto, sequer tem essa chance de ter um pequeno cuidado. Gihren é citado a série inteira, apenas para morrer após um minuto de tela, os Pomerians após a batalha de clãs nunca mais aparecem e nunca sequer são trabalhados, apenas a chefe parece ter algum tratamento e o assistente que pede para Machu fugir.


O final também é um pouco decepcionante, apesar de toda a nostalgia em ver o RX-78-2 aparecer de novo e a luta de Machu e Nyaan em dupla contra ele começar de maneira espetacular o meio para o fim com o Gundam crescendo em tamanho ainda mais colossal foi tão bobo que mais me parecia um chefão final de Final Fantasy, do que uma batalha final de Gundam, de ponto positivo nisso vale apenas a batalha de Char contra Challia que termina com uma outra bela referência a batalha entre o Gundam de Amuro contra o The Zeong de Char.


Tenho que mencionar que apesar de gostar do design de personagens, eu absolutamente odiei o design escolhido para os mechas, todos os Mobile Suits ficaram feios demais, acredito que a escolha estética utilizada até mesmo se afasta daquilo que esperamos e sempre vimos em Gundam, o que fica ainda mais evidente no final, quando o Gundam original apareceu em seu design original, em minha opinião incontáveis vezes melhor que toda essa bagunça que fizeram com o design "moderno".


Sobre a questão multiversal, acho interessante que, ao contrário das expectativas, essa linha do tempo foi criada após Lalah falhar em salvar Char do ataque de Amuro que custou sua vida no anime de 1979, no fim tudo gira em torno do amor dela pelo rapaz "que chegou primeiro", razão que me faz pensar que este anime deveria ter sido lançado ao menos 5 anos atrás, após a adaptação dos filmes de The Origin que contaram a história de Char e passaram por seu encontro com Lalah.


Em conclusão, o anime como um geral tem bons pontos positivos e claramente apresenta uma melhora quando comparado a atrocidades como Requiem for Vengeance ou The Witch from Mercury, entretanto ele peca demais no seu ritmo apressado, que prejudica não só o andamento da história, como também o desenvolvimento de personagens, o que só reforça que uma série de televisão de Gundam não deveria ter temporadas com menos de 26 episódios.







Veredito Final: 

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Pros:
            - Protagonista espontânea e carismática;
            - Ótimo design de personagens;
            -  Excelentes músicas e trilha sonora;
            -  Referências e personagens do anime de 1979.

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Contras:
            - Design dos mechas ficou muito esquisito;
            - Vários personagens com pouco ou nenhum desenvolvimento;
            - Poucos episódios deixam o anime com ritmo apressado e conclusão decepcionante;
            - Assistir sem o conhecimento do anime de 1979 pode não ser convidativo a novos espectadores.

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